A tempos não posto algo de útil neste blog, e assim vai continuar. Mas hoje me peguei pensando na vida e resolvi vomitar essas asneiras aqui. Então, se prepara que "a merda vai taiar"!

Me chamo Edval Vasconcelos Santana (é, agora vocês sabem meu segredo!) e me mudei para Maceió, capital de alagoas (para informar os sulistas burros: acima de Sergipe, que por sua vez fica acima da Bahia), em 2005 e desde então só faço reclamar da vida e de minha situação. Vou explicar o porque:

A cidade é pequena;
A cidade tem donos: Os usineiros e os políticos (que também são usineiros);
Logo você só arruma trampo descente se conhecer alguém;
As opções de lazer são limitadíssimas;
Não tem bons locais de treino se compararmos a QUALQUER outra cidade.

Poderia passar o dia falando mal, assim como tenho feito nesse quatro anos, mas não farei isso.

Por volta de julho de 2006 comecei a treinar parkour, e cheguei a conclusão que isso me proporcionou os melhores anos da minha vida. Não o parkour em si, mas as pessoas que ele me deu de presente. A Familía Ibyanga!

Aprendi com eles a importância da sinceridade, ou em algumas vezes o sincericídio, de ser chato, de ser perguntador, de dar valor a coisas simples que passam despercebidas, de que dinheiro não é nada sem amigos, etc.

Desde então, minha vida tem sido bem melhor aqui (não que eu ainda nao reclame). Encontrei o sentido, que eu tanto procurava, pra minha vida. Aprendi que eu nasci pra viver, e não para esperar a morte.

Sinceramente, não consigo me imaginar sem eles. Só que infelizmente vou ter que conseguir.

Em breve pretendo voltar para São Paulo, jutamente com os novos irmãos Pop e o Duddu (não confio muito na palavra deste ultimo), e sinto que ficarei extremamente triste com a despedida. Gostaria de poder levar todos, sem exceção, porque eles me fizeram um homem, eles me fizeram um crítico, eles me deram o Espírito da Terra, mas não será possível.

A tempos que estou com vontade de dizer isso, mas somente agora criei coragem. Não que eu estivesse com vergonha, medo ou qualquer outra coisa, apenas queria que esse post fosse o melhor que eu ja tivesse feito, que demonstrasse o que sinto por eles, mas cheguei a conclusão que não consigo expressar em palavras nem 10% do que o Ibyanga significa para mim, mas pelo menos não deixarei passar batito.

Ouvindo um Rapper chamado Emicida, ouvi a seguinte frase:

"(...)vale a pena estar vivo, nem que seja pra dizer que não vale a pena estar vivo, mas vale a pena estar vivo(...)¹"

Acho essa frase muito interessante, pra ser sincero ela quem inspirou o post, porém ela não me serve mais. Hoje eu digo que vale a pena estar vivo porque tenho amigos (irmãos) que me fazem ter vontade de estar vivo, vale a pena estar vivo porque eu sei que vou ouvir verdades que devem ser ditas, mesmo que essas possam magoar, vale a pena estar vivo porque vamos nos reunir e fazer comidas ruins com tudo o que tiver na geladeira, vale a pena estar vivo, pois sei que posso arrumar as malas e chama-lós para ir a um estado desconhecido sem dinheiro suficiente, vale a pena estar vivo porque eu tenho o Ibyanga.

Este são alguns poucos motivos pelo qual digo que "vale a pena estar vivo". Tenho plena convicção que não consegui expor tudo o que sinto, porém agora todos sabem que são extremamente importantes para mim. Fica aí então a tentativa, frustrada, de demonstrar o meu sentimento pelo Ibyanga. Não sei se todos se sentem assim, mas é assim que me sinto.

Não citei nomes em meu post porque TODOS são importantes, e sendo assim posso dizer sem sombra de dúvidas: AMO TODOS VOCÊS !

Enfim, vão todos tomar no cú e nos vemos em algum treino desses.

Beijos Famiiiia!


P.S: Como sempre, texto confuso ! =)


¹ Emicida - Só isso / Mixtape "Pra Quem Já Mordeu Um Cachorro Por Comida, Até Que Eu Cheguei Longe" (nomezinho infeliz pra uma mixtape!)

Começamos em Maceió mais um desses treinos sem método científico nem nada comprovado. Não sei ao certo o motivo disso. Talvez o desanimo de se treinar sempre no mesmos, poucos, lugares nos fez ter essa idéia.

Levando o nome de Caba Macho training, nossa rotina será basicamente a seguinte:


Seg/Qua/Sex:


50 Puxadonas com a mão fechada
50 Puxadonas com a mão abertona
50 Climbs
100 Flexões
50 Barras
300 Abs Normais
100 Abs "Elemento Surpresa"
2min de Abs estáticas (aquelas que fodem o cotovelo)

Ter/Qui:

5 km (até alagoinha e voltar)
100 precisões (assim como o nome já diz, PRECISÃO)
Cadeirinha até morrer
300 Calf Raise (150 cada perna)
500 bornout (pulinhos minímos)
300 Abs Normais
100 Abs "Elemento Surpresa"
2min de Abs estáticas (aquelas que fodem o cotovelo)



Em breve teremos os resultados desse treino. Espero que não sejam contusões.


Abraços.

Nesse caso, é o resultado de uma subtração:

Eficiencia - integridade física = ?

Muitas pessoas acham que para ser util, é necessário ser forte, e que para ganhar tem que sofrer, já eu não. Defendo com unhas e dentes, meu jeito de treinar, sendo fluente do jeito que eu posso, me conservando do jeito que acho melhor, e evoluindo do jeito que quero. Agora pode me atacar com suas facas.

"Mas você não segue exemplos?"

Sigo sim, e muitos, e o que eu mais gosto é o do Duddu, e sua conversa com o Gusta, onde o o Duddu questiona por que o Gustavo não pensa em fazer coisas grandes, como precisões de 11 pés, gap de 16 pés, ou algo de maior complexidade, e o Gustavo responde de forma unica, que tem todo o tempo do mundo para isso.

Usarei como exemplo básico meu grande amigo de quase infancia Igor :> !  Começamos a treinar ao mesmo tempo, de início, tivemos uma evolução comum, quedas minhas me marca até hoje e me mostram o quanto fui inutil em fazer o que fazia, assim como o Igor, que fazia kong até em gelo-baiano do shopping. Continuamos a treinar, e a evoluir, e assim como o Igor fazia kong desde o primeiro dia, eu ja conseguia fazer coisas um tanto quanto mais complexas, como Cat-leap, ou até uma precisão de 9 pés (incríveis 9 pés). O tempo foi passando, eu conheci o pessoal do Ibyanga, pela internet, comecei a ler vários artigos que são postados num tópico da comunidade no orkut, enquanto o igor, sem computador e internet, evoluia como achava que deveria. A partir daí, nossos rumos mudaram, eu passei a dar valor ao treino físico, já o Igor, ao seu kong precisão de 7 pés, e assim fomos evoluindo, até que eu consegui fazer precisão de 10 pés, climbs razoáveis e meu speed melhorava a cada dia. Ou seja: ele acabava dando valor sempre a um movimento em questão, e eu sempre a todos os movimentos.

Nossa evolução ia ótima, treinávamos com o pessoal do Ibyanga frequentemente, e ele já tinha seu PC, e internet (MAS CONTINUAVA COM A PORRA DA PREGUIÇA DE LER ¬¬). Comecei a faltar treinos, por vários motivos, o que acabou prejudicando meu rendimento. Agora o Igor era sempre o que evoluia mais, por vários motivos, ele sempre chegava com uma novidade. Eu naquela de sempre, treinando fisico, e não treinando continuidade.

Depois de um tempo, acabei percebendo que eu não tinha parado de evoluir, eu apenas tinha plantado minha evolução, e estava apenas regando, e as frutas estavam por vir de forma linear..

Hoje, com um treino ou outro, tenho resistencia suficiente para fazer o que julgo necessário, meu planche que antes era cheio de manhas, hoje em dia vai de uma jogada só, e meu climb de nada piora! Estou realmente percebendo que a progressão gradual, e os treinos físicos fazer muito bem.

Ah, e o Igor hoje faz precisões de 11 pés e kong precisão de 12 pés, gap de 16 pés e consegue climbar(um lixo ¬¬). Mas ainda assim, tô achando que o rendimento dele cai MUITO quando ele fica 4 dias sem treino! E sua integridade física não tá muito boa não.

Bjunda Iguinho Sedução, Duddu Love, e Gusta Aristóteles!


Hoje(03/07/2009), por volta das 7:20 da manhã, passei por uma situação um quanto inesperada, porém comum.
Como de costume, acordei tarde, me levantei pra ir tomar banho, me deparei com um banheiro ocupado, tornei a me deitar, esperando ouvir o barulho da porta abrir novamente.
Acabei me levantando cerca de 6:15, me arrumei, comi algo, e fui pra o ponto de onibus como de costume, peguei um às 7 horas, e fui como de costume conversando com um colega meu que mora perto e estuda no mesmo colégio.
O meu ponto de descida mais próximo do colégio, é o do Parque municipal Golçalves Lêdo, local de treino muito conhecido por todos de Maceió. E o ponto que é mais rápido paraa que eu chegue no colégio, é o da Embratel, que apesar de um pouco mais distante, o tempo que o onibus demora para dar a volta no centro é maior do que se eu descer na Embratel, ou seja: Mais perto: Gonçalves Lêdo; mais rápido: Embratel.
Não sei por quê, hoje mesmo estando atrasado, meu deu uma vontade enorme de descer na Golçalves Lêdo, é como se eu pressentisse que eu não deveria ir pela embratel, acabei descendo no ponto mais próximo do colégio, e como de costume, ao descer, vou andando ao colégio, se não acontece uma coisa tão comum, quanto o cantar de pneus.
Com um reflexo um tanto quanto apurado, que o parkour me proporcionou ao longe de mais ou menos 1 ano de treino, virei-me rápido para ver o que estava por acontecer, e me deparei com a cena exata de um carro, acertando em cheio uma senhora, que desceu apressada do onibus, passou na frente do mesmo, e estava atravessando a rua sem olhar.
Na hora, a reação foi "travante"! Cerca de 3 segundos depois, quando a sandália dela caiu no capô do carro, foi que eu me toquei do que realmente tinha acontecido. Me dirigi rápido em direção da senhora, que chorava, e gemia algo como "preciso ir pro trabalho", enquanto tentava se levantar.
A essa altura, eu já estava com o ceular na mão e ligando para o 192, e ao mesmo tempo, conversando com a senhora, como já tinha aprendido em cerca de 6 anos de Escotismo, meus primeiros socorros vieram de forma automática, assim como em uma queda, seus reflexos o ajudam a pôr a mão no chão, ou então a fazer um cat leap quando está a beira de uma queda de 4 metros.
A senhora aparentava ter entre 60 e 70 anos, e estava acordada, e um tanto quanto "desnorteada". Assim que a atendente do SAMU atendeu, eu falei em alta e clara voz:
"Bom dia, houve um atropelamento na ladeira do brito, ao lado da praça Gonçalves Lêdo, com apenas uma pessoa ferida, uma mulher, aparenta ter entre 60 e 70 anos, está acordada, e com um pouco de sangue na cabeça, pedi para que conversem com ela para que ela não perca a consciencia". Nesse momento a atendente me interrompeu, perguntou meu nome e disse que iria me transferir para os bombeiros, já que todas as unidades do SAMU estavam ocupadas. Foram 20 segundos que pareceram demorar 20 minutos. Enfim, eu mesmo comecei a conversar com a senhora, ela estava chorando, talvez pela pancada, talvez pela queda, quem saberia, ela não aparentava ter nenhum osso quebrado, e queria por que queria se levantar e ir pro trabalho. Perguntei seu nome, era algo estranho, não me lembro direito, algo como Josefa dos Santos, de 68 anos. Afinal, não sei o que PORRA tinha anquele trabalho(talvez a necessidade desse emprego) que ela queria por que queria ir pra ele, naquele momento. A partir daí, é onde começa minha curiosidade. Falei com um rapaz ao meu lado para não parar de conversar com ela, e aguardar enquanto a ambulancia dos bombeiros não chegava. Disse que não podia ficar mais ali pois tinha aula e pra lá estava indo agora.

Desde então, estou pensativo, lembrando principalmente do Vlad, aquele filho da puta que toda vez atravessa o caralho da rua sem olhar e ainda dá um mortal no meio. Mas sério mesmo, estou tão pensativo no que pode ter acontecido com aquela senhora. O pior que não posso procurar ela, por quê não sei pra onde ela foi. (provávelmente o HGE, mas quem sabe né?)

Enfim, me senti como nunca tinha me sentido.
Já tinha dito linha de onibus pra cego(analfabeto também), levado senhora junto comigo no guarda-chuva, dado moeda pra pedinte, mas nada me deixou tão "recompensado" quanto ter ajudado aquela senhora assim de cara. Afinal, parecia que eu era o unico naquele local que tinha noção de primeiros socorros.

No fim de tudo, acabei percebendo que
-Atravessar a rua correndo pode ser muito perigoso
-Talvez um dia você use os primeiros socorros que você nunca pensou em ler do manual do seu carro
-Uma boa ação realmente nos faz sentirmos melhores
-Não atravesse na frente do ônibus parado no ponto
-Se ver uma velhinha voando 3 metros, ligue para o SAMU
E por fim:
-Adoro vocês seus filhos da puta, não atravessem a rua correndo ¬¬


(Ah, quase me esqueci, a motorista tentou freiar, o carro foi um Celta, a motorista (mulher, mas não teve muito a ver com ela não)prestou socorro, e provavelmente ficou lá até socorrerem a vitima)


Pego-me as vezes pensando o que somos para as pessoas que observam a gente na rua treinando. Somos o que vestimos? A calça de moletom ou o tênis rainha que é de praxe aqui em maceió? Será que é mais uma tribo urbana querendo chocar as pessoas? Sei que não, sei que não sou isso por que tenho caminhado contrario a tudo que afirmam ser errado, e o que dizem ser certo também.

Me vejo fora de todos os padrões possíveis na sociedade, caminhando nem no que dizem ser certo, nem tal pouco no errado. Trilhando minhas próprias idéias. Acontece que no meio social isso nos torna esquisitos: Não usar drogas, qualquer que seja, ou viajar pelos estados e não visitar lugares tidos como importantes por ter passado uma tarde toda numa praça que nada tem a oferecer além de muros comuns. Com certeza muita gente não vai entender, e por conta disso, eu tenho estado tão introspectivo. Como conversar com as pessoas que perderam a sensibilidade de sentir as peculiaridades do dia-a-dia? Nesse mundo de informações rápidas, onde o medo se tornou segurança, quem vai sentar ao lado de alguém que não conhece e conversar sobre coisas que nem tem proximidade com seu cotidiano, e por isso, não ser tão interessante? No parkour, as experiências de vida são trocadas normalmente por comentários em tópicos no orkut e vídeos no youtube.

Às vezes me incomodo com o que às pessoas falam de mim, mas ponho-me no lugar delas e imagino o que devem ter passado para chegar a essa linha de pensamento: a influencia de uma família esporadicamente conservadora, a comodidade de julgar sem analisar os fatos e a necessidade de se firmar em grupos são alguns dos principais fatores que influenciam pessoas a abominar tudo que é novo. “Ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais” como já falou Belchior, ainda temos características dos nossos familiares, boas e ruins, e talvez vamos passar para nossos filhos inconscientemente e não há nada que possamos fazer. Um outro grande formador de opiniões é a mídia, que faz da polêmica o ponto alto das reportagens manipulando para onde quiser a opinião publica, que por si só, não formula nenhum senso critico para o que lhe é mostrado e acaba abraçando as idéias sem muitos questionamentos.

Daí por diante fica evidente que nos dias de hoje questionar fica em segundo plano, já que os meios de comunicação têm se encarregado disso. E tem ainda os grupos sociais, que também tem grande força sobre nós, força esta que muda nosso modo de vestir, agir, e ate mesmo de raciocinar, a ponto de abraçar causas outrora absurdas só por afirmação no grupo. Todos nos fazemos parte de algum e se espelhar no que esta perto é comum em qualquer parte do mundo.

Eu fico feliz quando vejo a galera aqui em Maceió treinando e como dificilmente alguém repete o movimento do último tracer no mesmo obstáculo. E se repetir, movem-se de forma tão particular que torna-se outra coisa. Não sei se isso prova alguma coisa, mas talvez seja reflexo da nossa pratica. É legal saber que seus amigos conseguem olhar as ruas, paredes e pessoas com um olhar mais critico, enxergando além do que os olhos podem ver. E eu sei que isso dará a eles possibilidades infinitas de novas idéias de interação.

Vou ficando por aqui por que as idéias brotam a cada passo, da hora de acordar da cama ate o fim do dia na mesma. Bons treinos pra todos !!

“...É como se nunca estivesse existido dúvida...” Lenine
Contato: Ibyanga@parkour.com.br