Me pergunto se ser filho é tão fácil. Pois sempre temos que agradar aos pais! A fase de adolescente acho que é a mais difícil de ser "amigo" dos pais, pois eles sempre querem mais e mais. Mesmo que você seja não faça "coisas erradas". Falo particularmente dos meus pais, que são muito protetores e as vezes me "machucam" com certos "nãos!". Poxa, será que ir encontrar amigos para se divertir é tão perigoso assim? Às vezes me pergunto isso. Muitas vezes sou "impedido" de treinar Parkour. Porque? Não sei! E se pergunto, eles usam argumentos como, "Ah, não vá porque tá tarde!" (19h). Não posso chegar em casa depois das 18h porque meu pai vai dar um show e me pôr de castigo, usando o argumento de que eu cheguei de noite! São momentos como esse que me faz ter "raiva". Nossa, sou muito grato por ter me criado, mas acho que não precisa isso tudo! Conversando com meu Avô à um certo tempo, ele me falou sua opinião sobre o que eu deveria fazer da minha vida. Palavras do próprio: "Igor, você tem que se dedicar mais aos estudos, pois a vida não está fácil pra ninguém. Não siga os maus exemplos! Essa história desse 'Pacu' (Parkour), o que isso tem de bom? No que isso vai ajudar a sua vida?". Eu disse que o Parkour é uma realização que não consigo expor, e que está sendo fundamental para que a minha vida tenha uma formação saudável.
Enfim, eles me "protegem" tanto, que podem acabar decepcionados comigo, e isso eu não quero.
Eles acabam me forçando a decepciona-los. Quando me proíbem de sair, eles me impedem de ter novas experiências. Isso acaba fazendo com que eu queira fazer o que eu fui impedido (sair, me divertir), de fazer na sala de aula, que é um local monótono. E depois? Como posso dar a eles o que eles tanto querem, que é o estudo.

texto confuso, eu sei!
ah claro, a imagem foi exagerada!

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Compilação de cenas gravas nas duas últimas semanas!O vídeo ficou grande e chato pra caraio pra quem não esteve presente nos treinos, mas acredito que será possível conhecer um pouco da nossa rotina de treinos!
Enquanto voltava pra casa, após o último final de semana em Alagoas, minha mente fez uma daquelas viagens que, apesar dos poucos segundos, transmite a sensação de ter durado uma eternidade. Tive um encontro com o Duddu de 2007/2008: o que pegava 4 horas de estrada, duas vezes ao mês, para passar o final de semana treinando Parkour em Maceió. E foi engraçado recordar que ao chegar em casa a primeira coisa que ele fazia era agradecer àquelas pessoas pelo final de semana maravilhoso.

Ultimamente não os vejo com a mesma freqüência porque o meu atual ritmo de vida controla a minha vontade. Mas garanto a vocês que ela permanece intacta, em estado de alerta e pronta para aproveitar a próxima janela aberta e se atirar no primeiro ônibus que passar. A respeito dos agradecimentos e textos românticos que antes era costume, eles se tornaram desnecessários (apesar deste ser um). Hoje o nosso abraço, o beijo, o cuidado constante um com o outro ou a troca de olhar ao nos encontramos e nos despedirmos, preenche o lugar das palavras.

Eu acho incrível como tenho dificuldade para escrever sobre esse assunto. É como se o dicionário e a gramática que estudei a vida inteira, de repente sumisse da minha mente.

Recentemente, me informaram de algo que me deixou intrigado: pessoas amigas disseram que às vezes se sentem deslocadas quando estão próximas a nós; que existe certa comunhão entre a gente que reprime as pessoas que não fazem parte do grupo e deixa o clima desconfortável. Refleti muito sobre essa questão e acho que a situação ficou bastante clara para mim.

Acontece que se você pensar no Ibyanga como um grupo de Parkour, a idéia de uma forma geral não vai funcionar. O que nos mantém unidos não é a disciplina, mas o calor humano e o afeto que alimentamos uns pelos outros. A coisa é tão profunda que por vezes já cheguei a sentir que deixei de me pertencer pra pertencer a essa unidade. Como se houvesse me fundido a aquelas pessoas e fosse difícil separar minhas atitudes e pensamentos das delas.

Esse laço de intimidade intimida quem se encontra fora dele e de certa forma provoca essa sensação de deslocamento. Não é algo proposital e talvez se a pessoa passar mais tempo em nossa companhia ela passe a entender do que se trata.

Eu, em particular, sinto falta de vocês diariamente. Das discordâncias constantes que é o reflexo do meu amor pelo Pi; de todo o sentimento puro e da proteção incondicional ao lado do Pop; do extremo companheirismo e do “tomara que ele esteja bem” que compartilho com o Guga; da falta de pudores, dos mimos e do respeito (ou a falta dele weoriupweur) que temos com nossas meninas; da genialidade e do conservadorismo de valores que o Leleo e o Bata me inspiram... Mas se a falta machuca, a simples existência disso tudo conforta.

O Ibyanga é hoje uma extensão da minha família original e a quem devo muito do homem equilibrado que sou. E olha que quem me conhece sabe o quanto reluto e tenho problemas para usar palavras como “amor, irmão e família”. Mas por vocês e com vocês, me sinto seguro em utilizar até as três numa mesma frase se for preciso.

Antes que me esqueça, por favor, morram todos de forma lenta e dolorosa.
Contato: Ibyanga@parkour.com.br