Um Preito ao Ibyanga

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Enquanto voltava pra casa, após o último final de semana em Alagoas, minha mente fez uma daquelas viagens que, apesar dos poucos segundos, transmite a sensação de ter durado uma eternidade. Tive um encontro com o Duddu de 2007/2008: o que pegava 4 horas de estrada, duas vezes ao mês, para passar o final de semana treinando Parkour em Maceió. E foi engraçado recordar que ao chegar em casa a primeira coisa que ele fazia era agradecer àquelas pessoas pelo final de semana maravilhoso.

Ultimamente não os vejo com a mesma freqüência porque o meu atual ritmo de vida controla a minha vontade. Mas garanto a vocês que ela permanece intacta, em estado de alerta e pronta para aproveitar a próxima janela aberta e se atirar no primeiro ônibus que passar. A respeito dos agradecimentos e textos românticos que antes era costume, eles se tornaram desnecessários (apesar deste ser um). Hoje o nosso abraço, o beijo, o cuidado constante um com o outro ou a troca de olhar ao nos encontramos e nos despedirmos, preenche o lugar das palavras.

Eu acho incrível como tenho dificuldade para escrever sobre esse assunto. É como se o dicionário e a gramática que estudei a vida inteira, de repente sumisse da minha mente.

Recentemente, me informaram de algo que me deixou intrigado: pessoas amigas disseram que às vezes se sentem deslocadas quando estão próximas a nós; que existe certa comunhão entre a gente que reprime as pessoas que não fazem parte do grupo e deixa o clima desconfortável. Refleti muito sobre essa questão e acho que a situação ficou bastante clara para mim.

Acontece que se você pensar no Ibyanga como um grupo de Parkour, a idéia de uma forma geral não vai funcionar. O que nos mantém unidos não é a disciplina, mas o calor humano e o afeto que alimentamos uns pelos outros. A coisa é tão profunda que por vezes já cheguei a sentir que deixei de me pertencer pra pertencer a essa unidade. Como se houvesse me fundido a aquelas pessoas e fosse difícil separar minhas atitudes e pensamentos das delas.

Esse laço de intimidade intimida quem se encontra fora dele e de certa forma provoca essa sensação de deslocamento. Não é algo proposital e talvez se a pessoa passar mais tempo em nossa companhia ela passe a entender do que se trata.

Eu, em particular, sinto falta de vocês diariamente. Das discordâncias constantes que é o reflexo do meu amor pelo Pi; de todo o sentimento puro e da proteção incondicional ao lado do Pop; do extremo companheirismo e do “tomara que ele esteja bem” que compartilho com o Guga; da falta de pudores, dos mimos e do respeito (ou a falta dele weoriupweur) que temos com nossas meninas; da genialidade e do conservadorismo de valores que o Leleo e o Bata me inspiram... Mas se a falta machuca, a simples existência disso tudo conforta.

O Ibyanga é hoje uma extensão da minha família original e a quem devo muito do homem equilibrado que sou. E olha que quem me conhece sabe o quanto reluto e tenho problemas para usar palavras como “amor, irmão e família”. Mas por vocês e com vocês, me sinto seguro em utilizar até as três numa mesma frase se for preciso.

Antes que me esqueça, por favor, morram todos de forma lenta e dolorosa.


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11 comentários:

  1. Pois é Duddu, só quem sente sabe. Quando fui assistir aos vídeos q gravamos em marechal, nesse final de semana a q vc se refere, vi, sendo espectador, como nossa relação é no mínimo estranha aos olhos dos outros. Como pode, em um minuto estarmos “brigando” e no outro estarmos sorrindo e nos abraçado? Como pode, manifestarmos carinho através de patadas, socos e xingamentos? Como pode, como pode? Nosso relacionamento, acima de tudo, não foi forçado. Não determinamos nos relacionarmos assim. Esse relacionamento simplesmente aconteceu de forma natural e espontânea e é por isso q eu acredito q permanecemos unidos sinergicamente onde quer q estejamos.

    Obrigado Duddu, suas palavras sempre são inspiradoras, massss, ainda vamos lhe aperiar muiiiiitttooo... lfkasjdlkçfjalçksdjflçkajsdlçkjfals...

    =*

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  2. Recentemente, me informaram de algo que me deixou intrigado: pessoas amigas disseram que às vezes se sentem deslocadas quando estão próximas a nós; que existe certa comunhão entre a gente que reprime as pessoas que não fazem parte do grupo e deixa o clima desconfortável. Refleti muito sobre essa questão e acho que a situação ficou bastante clara para mim.


    ""tirou da esse trecho de mim, palavra por palavra =\""

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  3. Embora eu tenha passado pouco tempo com esse povo feio, aprendi a amar, respeitar e admirar a grande maioría, sinto por não morar tão perto, Um grande abraço e até Petrolina. =*

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  4. haaaa, adoro textos assim!

    é muito bom saber que podemos contar com pessoas tão maravilhosas ! :D

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  5. LER ALGO ASSIM, ME DEIXA NÃO COM INVEJA, MAS COM SAUDADES DE TODOS OS MOMENTOS JUNTOS. INFELIZMENTE MINHA ROTINA MUDOU, MAS A CONSIDERAÇÃO E SENTIMENTO NÃO. DUDU, POSSO DIZER QUE SINTO UM ADMIRAÇÃO PROFUNDA POR TODOS VOCÊS.

    ABRAÇO.

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  6. Bicho, enquanto ele não explicar essa historia de preito, eu num vou agradecer porra nenhuma não.
    Por que o cara chega aqui na minha casa e diz que tem uma porra dessa ao Ibyanga... é uma falta de respeito da porra. (piada idiota)

    vc é tudo Duddu.

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  7. só por que eu não treino mais ele não lembra de mim x.x

    Ítalo

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  8. Ibyanga em movimento !!..

    Maceió não para !!

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Contato: Ibyanga@parkour.com.br