"Cá com meus botões"

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Pego-me as vezes pensando o que somos para as pessoas que observam a gente na rua treinando. Somos o que vestimos? A calça de moletom ou o tênis rainha que é de praxe aqui em maceió? Será que é mais uma tribo urbana querendo chocar as pessoas? Sei que não, sei que não sou isso por que tenho caminhado contrario a tudo que afirmam ser errado, e o que dizem ser certo também.

Me vejo fora de todos os padrões possíveis na sociedade, caminhando nem no que dizem ser certo, nem tal pouco no errado. Trilhando minhas próprias idéias. Acontece que no meio social isso nos torna esquisitos: Não usar drogas, qualquer que seja, ou viajar pelos estados e não visitar lugares tidos como importantes por ter passado uma tarde toda numa praça que nada tem a oferecer além de muros comuns. Com certeza muita gente não vai entender, e por conta disso, eu tenho estado tão introspectivo. Como conversar com as pessoas que perderam a sensibilidade de sentir as peculiaridades do dia-a-dia? Nesse mundo de informações rápidas, onde o medo se tornou segurança, quem vai sentar ao lado de alguém que não conhece e conversar sobre coisas que nem tem proximidade com seu cotidiano, e por isso, não ser tão interessante? No parkour, as experiências de vida são trocadas normalmente por comentários em tópicos no orkut e vídeos no youtube.

Às vezes me incomodo com o que às pessoas falam de mim, mas ponho-me no lugar delas e imagino o que devem ter passado para chegar a essa linha de pensamento: a influencia de uma família esporadicamente conservadora, a comodidade de julgar sem analisar os fatos e a necessidade de se firmar em grupos são alguns dos principais fatores que influenciam pessoas a abominar tudo que é novo. “Ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais” como já falou Belchior, ainda temos características dos nossos familiares, boas e ruins, e talvez vamos passar para nossos filhos inconscientemente e não há nada que possamos fazer. Um outro grande formador de opiniões é a mídia, que faz da polêmica o ponto alto das reportagens manipulando para onde quiser a opinião publica, que por si só, não formula nenhum senso critico para o que lhe é mostrado e acaba abraçando as idéias sem muitos questionamentos.

Daí por diante fica evidente que nos dias de hoje questionar fica em segundo plano, já que os meios de comunicação têm se encarregado disso. E tem ainda os grupos sociais, que também tem grande força sobre nós, força esta que muda nosso modo de vestir, agir, e ate mesmo de raciocinar, a ponto de abraçar causas outrora absurdas só por afirmação no grupo. Todos nos fazemos parte de algum e se espelhar no que esta perto é comum em qualquer parte do mundo.

Eu fico feliz quando vejo a galera aqui em Maceió treinando e como dificilmente alguém repete o movimento do último tracer no mesmo obstáculo. E se repetir, movem-se de forma tão particular que torna-se outra coisa. Não sei se isso prova alguma coisa, mas talvez seja reflexo da nossa pratica. É legal saber que seus amigos conseguem olhar as ruas, paredes e pessoas com um olhar mais critico, enxergando além do que os olhos podem ver. E eu sei que isso dará a eles possibilidades infinitas de novas idéias de interação.

Vou ficando por aqui por que as idéias brotam a cada passo, da hora de acordar da cama ate o fim do dia na mesma. Bons treinos pra todos !!

“...É como se nunca estivesse existido dúvida...” Lenine


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5 comentários:

  1. Fila da puta!
    mto legal o texto!

    tas escrevendo muito bem, e com coerencia!

    parabéns! =)

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  2. me surpreendeu...

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  3. Caraio! Relmente botou pra fora o que grande parte dos traceus não conseguiriam (pelo menos eu não conseguiria)

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